INFORMATIVO
23/10/2020 EXAMES CONTRASTADOS: PARA QUE SERVE, TIPOS DE CONTRASTES E RISCOS
O que são exames contrastados?
Exames contrastados são testes radiológicos que utilizam meios de contraste para evidenciar determinadas partes anatômicas.
Radiografias, tomografias e exames de ressonância magnética são exemplos de procedimentos radiológicos que podem utilizar meios de contraste.
Essas são substâncias químicas capazes de realçar tecidos que, normalmente, não apareceriam com nitidez em uma imagem radiológica.
Em geral, o contraste altera a capacidade de absorção da radiação ionizante dos tecidos durante o procedimento diagnóstico.
A maior parte dos exames contrastados é realizada na região abdominal, a fim de mostrar órgãos e outras partes dos sistemas digestivo, reprodutor e urinário.
Importância dos exames contrastados na radiologia
Importância dos exames contrastados na radiologia
Como citei acima, as imagens radiográficas têm limitações que impactam no estudo de alguns tecidos.
As partes mais opacas, como ossos, aparecem de forma clara, enquanto rins, estômago, vasos sanguíneos e outros tecidos são de difícil visualização.
Isso ocorre porque as áreas do corpo preenchidas por fluidos possuem densidade semelhante em toda a estrutura anatômica.
E as imagens radiográficas são formadas de acordo com a densidade.
Os ossos são mais densos e, portanto, absorvem mais radiação e aparecem em tons claros.
Já órgãos e partes moles absorvem menos radiação, aparecendo escuros em registros de exames não contrastados.
Por isso, se não houvesse contraste, não seria possível examinar diversos órgãos e vasos sanguíneos, prejudicando um diagnóstico confiável.
No caso das veias e artérias, por exemplo, o contraste possibilita a verificação de sua anatomia e do caminho percorrido pelo sangue, identificando obstruções e outros problemas.
Tipos de contrastes
Tipos de contrastes
Os meios de contraste podem ser classificados a partir de propriedades como a capacidade de absorção e composição química.
Agentes de contraste radiopacos ou positivos aumentam a capacidade de absorção de radiação ionizante.
Já os radiotransparentes ou negativos diminuem essa capacidade.
O bário é um meio de contraste positivo, enquanto o ar é negativo.
Classificando as substâncias por composição química, existem os contrastes iodados, que contém iodo em sua composição, e os não iodados.
Bário e gadolínio são os principais exemplos de meios de contraste não iodados.
Contraste iodado
Administrado por via oral ou intravenosa, pode ser utilizado para realçar diversos órgãos do aparelho digestivo, urinário, vasos sanguíneos em qualquer parte do corpo e útero.
O contraste iodado se apresenta em compostos iônicos ou não iônicos.
Os compostos iônicos têm alta concentração do contraste, podendo levar a reações adversas que detalharei nos próximos tópicos.
Já os compostos não iônicos têm concentração de contraste menor que a do sangue, e raramente provocam alguma reação adversa.
Sulfato de bário
Indicado para estruturas do trato digestivo, não costuma provocar reações adversas.
Pode ser administrado via oral ou retal e, inclusive, junto a outro meio de contraste (negativo), como o ar.
Gadolínio
É a substância utilizada em exames contrastados de ressonância magnética.
O elemento não costuma provocar reações, além de ser útil na identificação de males como tumores e infecções.
Quais são os exames contrastados?
Os principais exames que utilizam meios de contraste são realizados na área abdominal, que reúne muitos órgãos e vasos sanguíneos sobrepostos.
Eles envolvem tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas dessa área.
Tomografia é um teste que usa radiação ionizante e um tubo giratório para colher imagens internas transversais do organismo.
Já a ressonância usa um campo magnético para fornecer imagens extremamente precisas de estruturas anatômicas.
Além dos testes no sistema digestório, urinário e reprodutor, os agentes de contraste são usados em procedimentos que servem para regiões variadas, como angiografia e cintilografia, incluindo todo o sistema cardiovascular.
Angiografia é um procedimento que permite a observação da anatomia interna de veias e artérias.
Na cintilografia, radiofármacos são absorvidos pelos órgãos, emitindo radiação que é captada pelo equipamento usado no exame. O nome completo do exame é cintilografia miocárdica de repouso e pós-dipiridamol ou pós-esforço.
A seguir, conheça outros testes, de acordo com o sistema estudado.
Exames contrastados do sistema urinário
Formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, o aparelho filtra o sangue, eliminando impurezas na forma de urina.
Urografia excretora e uretrocistografia são alguns procedimentos realizados com o auxílio do contraste.
A urografia excretora é comum, sendo solicitada para avaliação geral do sistema urinário, em casos como litíase ou pedra nos rins.
Nesse exame, contraste iodado é administrado por via intravenosa, e são feitas radiografias do abdômen.
Uretrocistografia é o exame que usa contraste iodado e raios X para estudar especificamente a uretra e a bexiga.
Exame contrastado do sistema reprodutor feminino
Útero e trompas são avaliados durante o exame de histerossalpingografia, que envolve a administração de contraste iodado pela vagina.
Esse teste costuma ser indicado para investigar a infertilidade e anomalias no sistema reprodutor feminino.
Vias de Administração dos meios de contraste
Vias de Administração dos meios de contraste
Ao longo deste texto, mencionei algumas formas de administração dos meios de contraste.
Elas dependem do tipo de contraste utilizado e da recomendação médica.
A seguir, conheça as vias para administração de contraste:
- Oral: se refere à ingestão da substância pelo paciente, que pode ocorrer antes, ou em determinados momentos do exame
- Parental: também chamada de intravenosa, ocorre quando o contraste é injetado nos vasos sanguíneos
- Endocavitária: quando o agente é administrado por orifícios naturais, como reto e vagina
- Intracavitária: o contraste é inserido através da parede da cavidade que será examinada.
Contraindicações para exames contrastados
Contraindicações para exames contrastados
Dependendo do tipo de contraste que será usado, existem algumas contraindicações, especialmente para o contraste iodado.
Uma das principais, nesse caso, é para diabéticos que usam medicamentos com cloridrato de metformina.
Associada ao iodo, essa substância pode levar ao desenvolvimento de insuficiência renal aguda.
Algumas pessoas têm alergia ao iodo, o que pode ocasionar outros riscos (falo mais sobre eles no tópico abaixo).
Pacientes com hipertireoidismo manifesto e insuficiência renal não devem ingerir compostos iodados.
Outra contraindicação vale para procedimentos com sulfato de bário, pois a substância é insolúvel, ou seja, não se dissolve, nem é absorvida pelo corpo.
Portanto, está contraindicado quando há suspeita de perfuração das vísceras, para que o composto não escape para fora do aparelho digestório.
Se o paciente estiver desidratado, em fase pré-operatória ou sofrer obstruções nos órgãos, o uso do contraste pode piorar o quadro.
Principais riscos dos exames com contraste
Principais riscos dos exames com contraste
Os riscos também dependem do tipo de contraste utilizado.
No caso do sulfato de bário, reações alérgicas são muito raras.
O principal perigo ocorre quando o composto escapa por uma perfuração durante o exame, podendo provocar males como a peritonite aguda.
Essa é a inflamação da membrana que reveste as paredes do abdômen, o peritônio.
Meios de contraste iodados em solução hipertônica (tipo iônico) são reconhecidos por reações adversas, que podem ser leves, moderadas ou graves.
Adapte seu tomógrafo para área cardiovascular
Enquanto essa substância é administrada por via intravenosa, o paciente pode sentir calor, gosto metálico e náuseas, que devem terminar assim que acaba a infusão.
Conheça outras reações, que podem ocorrer durante ou depois do exame:
- Urticária (irritação na pele)
- Edema (inchaço) nas pálpebras e face
- Náuseas, vômito e diarreia
- Tontura
- Dor de cabeça
- Aumento na pressão arterial
- Convulsões
- Falta de ar
- Tosse, pigarro, rouquidão
- Edema de glote
- Arritmias (alterações na frequência cardíaca)
- Insuficiência renal – perda súbita da capacidade dos rins de filtrar o sangue
- Parada cardíaca, quando o coração para, ou bate num ritmo insuficiente para bombear o sangue.
Devido ao risco de eventos graves, como a parada cardíaca, exames contrastados só devem ser feitos se houver estrutura para atendimento de urgências.
Fonte: https://telemedicinamorsch.com.br/blog/exames-contrastados