INFORMATIVO
03/06/2020 Entenda como o novo coronavírus pode acometer o sistema cardiovascular e veja os cuidados que os cardiopatas devem ter durante a pandemia
O vírus causador da Covid-19 pode acometer o organismo de diversas formas. Aprendemos um pouco mais a cada dia, mas sabemos que, apesar de ter como principal órgão alvo o pulmão, pode atacar diversos outros sistemas, como o nervoso, o digestivo e o cardiovascular.
Quando esse processo de infecção ocorre em pacientes com doenças cardiovasculares prévias, pode resultar em sérias complicações no coração. Assim, pessoas com doenças crônicas, como pressão alta e diabetes, que já tiveram alguma doença cardíaca ou que têm insuficiência cardíaca são um grupo de maior risco.
“No caso desse grupo, existe uma pré-disposição para desenvolver a forma mais grave e severa da Covid-19, inclusive em jovens sem doenças preexistentes, mas com quadro de obesidade. Dessas pessoas, estima-se que, pelo menos, 20% vão precisar de ajuda hospitalar urgente”, comenta o Dr. Marcelo Paiva, cardiologista do Hospital 9 de Julho.
O que ocorre quando o coronavírus atinge o coração?
Quando a infecção pelo novo coronavírus invade o sistema cardiovascular, é desencadeada uma série de reações, responsável por desequilibrar doenças que antes estavam compensadas. Soma-se a isso o fato de os pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes sofrerem, na maioria das vezes, com alterações em seu sistema imunológico, além de apresentarem um estado crônico permanente, fatores que podem agravar a evolução da doença, causando:
Arritmias – mau funcionamento do sistema elétrico do coração, que resulta em uma frequência de batimentos anormais.
Isquemia miocárdica – quando o fluxo sanguíneo para o coração é reduzido, impedindo que ele receba oxigênio suficiente.
Miocardite – inflamação do músculo do coração, que é chamado de miocárdio. Além de enfraquecer bastante o órgão, os casos graves de miocardite podem resultar até mesmo em morte súbita.
Choque – é quando uma infecção se alastra pelo corpo rapidamente e atinge vários órgãos, que vão deixando de funcionar, e a pressão arterial vai caindo a níveis muito baixos, o que pode levar a um quadro irreversível.
Neste contexto, que precauções um cardiopata deve tomar?
O cuidado é o mesmo para todos. Porém, como é um grupo mais vulnerável e com doenças preexistentes, todas as formas de prevenção devem ser redobradas, para minimizar qualquer chance de adquirir a doença. O tratamento médico proposto de acordo com o quadro clínico deve ser continuado rigorosamente e as vacinas devem estar em dia, principalmente a da gripe e da pneumonia.
“Na presença de qualquer sintoma relativo a complicações cardiovasculares é necessário comunicar de imediato a seu médico, para que haja o correto direcionamento”, orienta o cardiologista do Hospital 9 de Julho.
Quando devo procurar o pronto-socorro?
De acordo com o Dr. Marcelo Paiva, tem se observado a ocorrência de um “fenômeno” bastante preocupante nos centros hospitalares. “Por medo de serem acometidos pelo novo coronavírus, pacientes com cardiopatias têm evitado procurar o hospital, mesmo na presença de sintomas cardiovasculares. Quando isso acontece, pode ser que esse indivíduo já esteja em um estágio muito grave e com grande probabilidades de sofrer um infarto do miocárdio, fato que poderia ter sido evitado no caso de ajuda médica precoce.”
Fique atento a sintomas como dor no peito; tontura; falta de ar; palpitação; dificuldade de falar e fraqueza no braço. Na presença de qualquer um deles, consulte seu médico para ter a orientação adequada. É importante reforçar que, caso os sintomas se agravem, é imprescindível se dirigir a uma unidade hospitalar.
O Hospital 9 de Julho se orienta pelas principais normas de segurança hospitalar e pelas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e, por isso, contamos com uma infraestrutura de diferentes fluxos de atendimento, visando garantir a segurança e a continuidade do tratamento de todos os nossos pacientes. “No caso do diagnóstico precoce de alguma patologia, o tratamento pode ajudar, de modo que a enfermidade em questão não evolua para sua forma mais severa”, afirma o especialista.
Pandemia, estresse e coração
Os níveis de estresse estão alterados neste momento, por causa do isolamento social. E, ainda, a cada minuto, são divulgadas novas estatísticas alarmantes e várias fake news mescladas com notícias verídicas. A atenção redobrada para seguir corretamente todas as orientações impostas pela OMS e a situação de isolamento por si só também intensificam esse sentimento, embora sejam medidas fundamentais para conter a disseminação da Covid-19.
Porém, não perca de vista: situações crônicas de estresse fazem com que o corpo se acostume a liberar com frequência uma carga de certos hormônios que interagem negativamente com o sistema cardiovascular. Alguns exemplos:
Adrenalina – acelera os batimentos cardíacos e eleva a pressão arterial, trazendo risco de ataque cardíaco.
Cortisol – aumenta consideravelmente o risco de morte em pessoas que já possuem histórico de doenças cardiovasculares.
Uma coisa boa para fazer neste período é filtrar as informações que você recebe, como vídeos, áudios e textos provenientes de fontes duvidosas. Outras sugestões do nosso cardiologista é criar uma rotina, continuar se movimentando, mesmo dentro de casa, e não ficar o tempo todo ligado nas notícias, mas, sim, escolher alguns momentos do dia para se atualizar, com base em fontes confiáveis.
Dicas do nosso especialista em relação à Covid-19
“Medidas de prevenção pessoal – como lavar as mãos frequentemente, usar máscara e respeitar o isolamento – são prioridade e devem ser reforçadas, principalmente no caso dos cardiopatas. É sempre bom ressaltar a importância de investir em uma vida saudável, com boa alimentação, ingerir bastante líquido e evitar as dietas restritivas. Uma boa dica é usar aplicativos voltados para atividades físicas, para manter-se ativo e motivado. Ter boas noites de sono também é essencial. Mantenha-se socialmente conectado, assim, se reduz o risco de quadros depressivos, neste momento tão delicado. Na dúvida, siga sempre as orientações propostas pelo seu médico”, finaliza o Dr. Marcelo Paiva, cardiologista do Hospital 9 de Julho.